Resumo
Objetivos: analisar as percepções da população quilombola de Caldeirão sobre suas condições de saúde e identificar as possibilidades e dificuldades na relação com os serviços de saúde em seu território. Método: estudo qualitativo, descritivo e exploratório, realizado na Comunidade Quilombola de Caldeirão, Ilha de Marajó, Pará, Brasil. A produção dos dados ocorreu no período de março a abril de 2021, por meio de entrevistas semiestruturadas individuais com 30 moradores, e aplicou-se a análise de conteúdo temática. Resultados: originaram-se duas categorias empíricas, revelando as percepções da população quilombola sobre suas condições de saúde e o processo saúde-doença, a relação que a comunidade mantinha com os serviços de saúde locais e as potencialidades e fragilidades inerentes a essa relação. Conclusões e implicações para a prática: as percepções dos quilombolas evidenciaram predomínio do saber biomédico e da visão hospitalocêntrica, além de sua relação fragilizada com os serviços de saúde locais. Espera-se que os resultados da pesquisa suscitem o diálogo acerca dessas populações, considerando que representam um grupo tradicional em situação de vulnerabilidade. É necessário realizar outras pesquisas para investigar/fortalecer o papel da Estratégia Saúde da Família e desvelar/problematizar os saberes tradicionais, frente à hegemonia do saber biomédico, no cenário das populações quilombolas.