Resumo: Este trabalho tem como finalidade apresentar aspectos da trajetória do intelectual Deoclecio Ramiro Alves da Silva (1889-1927). O recorte temporal inicia-se em 1880, na capital baiana, e estendese até 1927, em Ilhéus. Tomou-se como ponto de partida do estudo a notícia do ingresso deste na Escola
Normal de Homens, localizada em Salvador. Nomeado como professor, em 1913, para atuar na região cacaueira, também foi redator em Ilhéus na Primeira República. Este texto, teoricamente, encontra-se no entrecruzamento entre a História da Educação e a História Social que inclui as trajetórias de intelectuais negros, incumbindo-se, portanto, de visibilizar o protagonismo deste intelectual. Para tal, utiliza-se da análise de fotografias e jornais editados na Bahia. Recorre-se ao entendimento de intelectuais como postula Sirinelli (2003), Silva (2019) e Barros (2021), e, sobre o tratamento metodológico com as fontes históricas, seguiu-se a proposta de Ginzburg (1989, 2006) com o Método Indiciário da ligação nominativa de fontes na análise qualitativa dos dados a partir de indícios. A hipótese central é de que a História da Educação em Ilhéus pode ser perscrutada a partir da trajetória de docentes negros que são invisibilizados no tocante às suas contribuições. Dentre os resultados, destaca-se que Deoclecio fez parte de uma rede de sociabilidade de intelectuais na Primeira República, na capital e em Ilhéus, representando um grupo que coexistiu ao lado dos coronéis, ícones da elite econômica e política, e, em paralelo, constituindo-se como uma elite cultural que exercia a docência como uma agência potencializadora de suas ideologias políticas.